ciladas, blefes & trapaças (da escrita)
programa
Quais armadilhas a poesia esconde? Por que manobras, tramoias, enganos, fraudes e calotes são parte dessa escrita? Quais são as manhas, arapucas, tramas e esquemas usados para capturar nossa atenção? Ideias tortas, paranoias, conselhos furados, ciladas, blefes e trapaças são métodos de escrita? Quanto de deboche, ironia, gracinha e sacanagem toleramos em verso? Com propostas práticas e experimentais vamos descobrir porque a poesia vive atrapalhando a nossa vida e por qual motivo misterioso ainda nos permitimos tomar outro golpe da linguagem. 1. Achado não é roubado O método e a busca incessante pela palavra alheia. Escrever ainda faz sentido em um mundo onde sobre tudo já foi dito? A barca furada da originalidade. Somos escritores sem palavras ou isso era só o que faltava? Abrir gavetas, bolsas, janelas e encontrar (sem procurar) aquilo que sempre esteve ali, tão colado na realidade que nem merecia atenção e agora plim: parece que isso sim era o que faltava. 2. A grama do vizinho parece mais verdinha Práticas ilegais da escrita poética. Vozes da cabeça dos outros como referência bibliográfica. Como dizia minha vó: referências afetivas e seus provérbios autorais de sabedoria duvidosa. Li num livro uma vez: a introdução perfeita para afirmar que sua ideia ruim não é sua. Como diz o outro: (insira aqui sua filosofia anônima favorita). 3. Mensagem apagada O crime mais angustiante da comunicação contemporânea. A escrita como arrependimento. Estamos vivendo ou esperando o dia de apagar e-mails já enviados? Parece que você tentou printar uma foto temporária e foi humilhado por um robô. 4. Juro que te devolvo Caloteiros de biblioteca e suas multas intelectuais. Amizades desfeitas e heranças bibliográficas. ‘’Devolva o Neruda que você me tomou e nunca leu’’: divórcio e divisão de bens literários. Empréstimos de livros esgotados: o golpe taí. Você nunca vai ler esse livro mesmo: justificativas impiedosas de um ladrão de livros. * Juliana Maffeis (Porto Alegre, 1987) é professora, pesquisadora e escritora. Doutora, mestra e licenciada em Letras, na área de Escrita Criativa (PUCRS). Artista residente do programa Atelier Poético (OEI) em Madrid – Espanha, edição 2024. Pesquisa a relação entre imagem e palavra. Escreveu ‘’Quantas festas’’ (Ed. Urutau, 2021) e ‘’Solitária companhia de teatro’’ (Ed. Patuá, 2017).